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sábado, 27 de agosto de 2011

Tratamento contra câncer de Jobs é experimental e tem risco

Pacientes com o tipo raro de câncer de Steve Jobs, da Apple, enfrentam uma luta mais dura se a doença se torna recorrente por causa dos métodos usados no tratamento.
Jobs disse, na quarta-feira (24), que não poderia mais ser o presidente-executivo da empresa da qual era cofundador. Ele saiu de licença médica em janeiro depois de anos lutando contra um raro tipo de câncer no pâncreas e outros problemas de saúde. Ele não deu detalhes sobre sua saúde em seu último anúncio.
O tipo de câncer pancreático é causado por um tumor neuroendócrino de células da ilhota. Jobs teria se submetido a um transplante de fígado em 2009 para combater a disseminação do tumor neuroendócrino. O procedimento é experimental e propício a complicações.
Jobs nunca divulgou publicamente o motivo para seu transplante de fígado. O médico Simon Lo, diretor de doenças biliares e pancreáticas no Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles, disse que a complicação grave mais provável depois do transplante de fígado de Jobs seria a metástase do câncer, o que obrigaria Jobs a deixar o seu cargo permanentemente. Lo não tratou de Jobs.
Cerca de 80 por cento dos pacientes que fazem transplantes de fígado para tratar esse tipo de câncer vivem pelo menos cinco anos, segundo a Universidade da Califórnia em San Francisco. Lo disse que um estudo recente havia mostrado que cerca de três quartos dos pacientes que fazem um transplante de fígado por causa de câncer veem a doença voltar dentro de dois a cinco anos. O câncer pode voltar ao fígado ou para outros órgãos. As drogas imunossupressoras necessárias para um transplante de fígado também dificultam a luta do organismo contra o retorno da doença.
Jobs pode estar "se confrontando com problemas hepáticos relacionados ao transplante de fígado ou ao próprio câncer", disse Lo. "Quando você coloca os pacientes sob medicação imunossupressora, há sempre o risco de que elas retirem a resistência natural, então o câncer consegue crescer mais rápido."
Embora esse câncer seja confundido com o câncer de pâncreas, tumores neuroendócrinos têm uma natureza diferente da maior parte dos tumores pancreáticos, que são muito letais e costumam matar 95 por cento dos pacientes em cinco anos. Os tumores neuroendócrinos são mais fáceis de tratar e menos agressivos. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, há apenas de 200 a mil novos casos por ano.
Jobs retirou um tumor neuroendócrino em 2004 e disse, depois que todo o câncer fora retirado, que não precisou de quimioterapia nem de radioterapia.

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